terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Era uma vez... uma Quinta...

Esta história, como todas as histórias, podia começar assim: era uma vez um grupo de amigos que resolveram fazer uma festa numa fajã. Depois de algum tempo a pensar no que deviam de fazer, resolveram comprar um porco e levarem-no para lá, para matar. E se assim o pensaram melhor o fizeram: trataram de arranjar o porco e toca de ir levá-lo à fajã.












Só que aí começaram os primeiros problemas, o bicho que estava habituado a estar fechado num curral, não queria andar e muito menos por um carreiro daqueles que se desce para a fajã, foi um tal brigar e judiar, mas o animal para baixo é que nem pensar. Foi necessário ir buscar uma rede, um pau, e levá-lo às costas.

A primeira parte estava concluída, só que, como ainda faltavam alguns dias para festa, foi necessário arranjar quem tratasse do dito cujo. Então fizeram-se grupos de duas pessoas que diariamente iam à rocha (outro nome pelo qual costumamos designar fajã) dar de comer ao nosso porquinho.
Mas as coisas não começaram a correr muito bem, pois não sei se com a mudança de clima ou devido aos suínos com aquele peso não estarem acostumados a andar às costas, o que é certo é que o animal deixou de comer e foi definhando, até que um dia acabou por morrer, não sabemos bem se de véspera, e foi necessário abrir-lhe uma cova, serviço esse que coube ao Marcolino e ao Jonin por lhe tocar o dia de tratar dele e terem descoberto que ele já era cadáver.
No meio desta súbita doença ouve ainda quem pensasse que o porco podia padecer de solidão e para ele não estar sozinho arranjaram uma porquinha pequena e foram-na levar para lhe fazer companhia.
Não foi, nem será, qualquer contrariedade que dá cabo duma festa na Fajã d'Além, por isso mesmo o pessoal tratou de arranjar outro porco, que estando mais habituado a andar lá foi para a fajã com o tal destino da festa.
No meio destas peripécias ouve alguém que se lembrou de levar para lá também um galo e assim, à horta onde puseram os animais, que julgo ser do saudoso "Ti Morais" começaram a chamar "Quinta das Celebridades". Ao nosso porco deram o nome de "Castelo Branco" e à porquinha o nome de "Cinha Jardim".





"Castelo Branco", esse tinha os dias contados, e não levou muito tempo lá desempenhou as funções para que estava destinado numa grande festança onde não faltaram nem os bifes nem os torresmos de entrecosto além de outras iguarias próprias da matança.











Mas "Cinha" continuou na quinta e para além do referido galo arranjou mais um amigo que lá veio parar sozinho, desta feita um pato bravo todo jeitoso. De bravo só tinha o nome, pois quando nos via queria era andar à nossa volta a ver se arranjava alguma coisa para comer.



Só que, como todas as histórias também esta tem o seu final. Com o passar do tempo a nossa porquinha cresceu e precisava de comer cada vez mais e como passado o inverno as pessoas começam a não estar por lá tanto tempo esta começou a passar algumas necessidades e foi necessário transformá-la em carne. O Senhor galo esse desapareceu num dia de muita chuva e trovoada, segundo os vizinhos deve ter caído e foi levado pela ribeira. Quanto ao senhor pato esse como não gostava de estar sozinho arranjou uma companheira que por lá apareceu e tal como não soubemos a maneira que ali tinham vindo parar, partiram para parte incerta, mas concerteza felizes para sempre.

A "quinta", como tantas outras que existem por esse mundo fora, ficou abandonada à espera que qualquer dia alguém lhe queira dar novo distino.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Um dia na fajã

Há quem diga, e julgo que é verdade, que na fajã d'além a terra produz e as sementeiras vêm sempre bonitas e fortes. Uns apontam muitas causas para tal, como por exemplo: o micro clima, a água em abundância, o facto de não dar sol todo o ano na fajã(proporcionando a terra descançar durante alguns meses), etc. Contudo uma coisa tenh0 a certeza, para colher é preciso semear e como um dos nossos amigos costuma dizer "não basta lançar a semente à terra".














É pois nesse sentido que venho aqui deixar mais alguns testemunhos de um dia passado na fajã, desta feita a trabalhar.





Trata-se de um dia a fazer terra para batata doce.







Como sempre, quando é necessário fazer algo que necessite de mais mão de obra, juntam-se os amigos e toca a "trabalhar". Coloquei o trabalhar entre aspas porque para muitos trata-se mais de um dia para relaxar.



E quando toca a reunir, nem faltam os burros. Neste caso trata-se do macho do Chico(pertencente ao Chico).





















Começa-se por rapar a monda, depois com a ajuda do animal e um arado lavram-se os regos e com alviões e enchadas fazem-se os valados.







Depois separa-se e prepara-se a planta que será plantada à coveta no cimo dos valados em duas filas, nunca esquecendo de colocar um pouco de água em cada planta.


















Agora é deixar que as plantas peguem e cresçam, e daqui a alguns tempos se necessário mondar algumas ervas daninhas que entretanto tenham aparecido.





Terminada a jorna, são horas de retemperar forças, pois ninguém vem para a fajã para se matar a "trabalhar".

















Vai-se ver o que as mulheres Já tem a comida pronta e toca para mesa.








- Olha parece que, para além de outras coisas, temos feijão assado no forno, e também parece-me ver lá algumas batatas a assar(devem ser as do ano passado porque as deste ano ainda não tiveram tempo).








Pelos vistos parece que temos mais um lauto banquete. Julgo que até estou avistando algumas conchas!



















E assim se passa mais um dia na fajã d'além, onde quase todos fazem por se ajudar uns aos outros sem esperar receber algo em troca a não ser este ambiente quase familiar e esta alegre e sã camaradagem.

Para muitos isto pode não dizer nada ou até parecer, como alguns já disseram, uma malha de tarraços que se vêm embebedar para aqui, mas para nós que gostamos mesmo a sério da fajã isto faz parte da nossa vida, e uns dias sem ali poder ir já nos começam a fazer muita falta.

Até breve...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Passagens de ano (1)

Há já alguns anos, mais propriamente no final de 2004, um grupo de amigos da Fajã d'Além resolveu passar o final do ano nesse lugar, e a partir daí, uns anos com mais gente outros com menos, sempre se tem feito a passagem de ano nesta fajã.
Porque esses momentos são marcos históricos na vida das comunidades, aqui ficam alguns registos dessas pequenas festas






Assim nesse primeiro ano eramos um grupo de cerca de 10 pessoas.

Cozinhamos um jantar onde nem o perú faltou, e à meia noite, depois de abrirmos o champanhe,





fizemos os brindes da praxe.
















No dia seguinte aqueles que poderam ficar até mais à tarde, preparam o almoço,




e deliciaram-se com um belo repasto
















antes iniciarem o regresso a casa.